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A UMBRELLA ACADEMY existiria por dois motivo: proteger o mundo do mau e para tirar filhos surgidos do nada de seus próprios pais. As pessoas, em grande parte das vezes, achavam que era por Sir Reginald Hargreeves gostar de guarda-chuvas, outras pensava que era um grupo de apoio para quem tinha medo de tempestades ━ faria até sentido, mas não faz.

Reginald Hargreeves, um ser inteligente e rancoroso, tinha um raciocínio impecável e quando buscou pelo grupo de crianças, deu um lema ao grupo, "Ut Malum Pluvia", o que significava "como chuvas terríveis". Ele pensava que como um guarda-chuva era feito para proteger, a Academia também protegeria o mundo do mau.

Quarenta e três crianças nasceram no dia 1 de Outubro de 1989, mas Reginald havia adotado apenas sete, a pergunta que ficaria era: e os outros trinta e seis? Bem, ninguém sabe e eles também não manifestaram seus poderes para serem "vistos" pelo mundo. Nia Jittatad fazia parte daqueles trinta e seis que se tornaram invisíveis e comuns, mas por trás de tudo aquilo, ela era como os sete na Academia, uma criança feita para proteger o mundo, mas quando Reginald Hargreeves percebeu que Nia não era mais suficiente para o que queria, ele a abandonou junto aos seus poderes descontrolados.

Andando por um cômodo ao fundo da empresa que até o momento pareceria faixada da Umbrella Academy, Nia Jittatad recolhia pastas caídas ao chão de uma estante que havia batido sem querer. Pegando as rapidamente evitando fazer barulho, ela não sabia o que poderia encontrar ou se realmente encontraria algo, mas seu desespero após ver o nome de Ben ainda naquela época, ele só tinha lhe deixado ainda mais aflita.

Empilhando as pastas em cima da escrivaninha, visionou seus arredores sentindo o peso em seus ombros, a culpa em seu coração. Fechando os olhos e se concentrando, acalmou sua respiração e logo abriu observando os conteúdos em sua frente.

━ Você vai se arrepender por olhar. ━ Disse para si mesma vendo uma das pastas com o nome de Klaus. ━ O arrependimento não vai te matar, Reginald Hargreeves que vai.

Vasculhando as pastas e vendo as fotos de todos ainda mais novos, suas mãos que reviravam as pastas de formas ágeis, pararam quando um nome em Tailandês foi lido. Vendo a pasta de mesma tonalidade entre às outras, a pegou em suas mãos lendo o nome Pranpriya Horvejkul.

Abrindo-a temendo olhar, um dia Nia desejaria perder sua capacidade de lembrar das coisas, e se pudesse, queria que fosse naquele momento. Observando uma foto sua em 3x4 quando ainda tinha dois anos, estava com os cabelos presos em duas mechas enquanto sorriria, passou a ponta dos dedos sobre a foto dando um breve sorriso por lembrar que sua mãe a guardaria entre o álbum incompleto da família.

Lendo suas informações, seu sorriso desmanchou na segunda linha escrita. Nia Jittatad observava a data de seu nascimento, poderia sentir sua mente turbilhonar de perguntas e seus batimentos aumentarem de forma exagerada ao ver que o que havia marcado, não seria nem de perto sua data de nascimento, dia 1 de Outubro de 1961. Visionando as escrituras mais abaixo, seu olhar fixou sobre aquilo que chamariam de relatório, engolindo seco, temia ler aquilo, mas assim fez.

━ No dia 13 de Novembro de 1963, Pranpriya Horvejkul com seus dois anos de idade, foi levada para o futuro em 1991 onde recebeu o nome Nia Jittatad por seus novos pais em Bangkok, na Tailândia. ━ Lia tudo perfeitamente deixando sua voz estremecer à cada verso. ━ Pais biológicos foram mortos por desconhecidos e a garota está à salvo, antes de todos, ela é chamada de Zero e a primeira experiência teve sucesso.

Soltando a pasta de imediato, Nia bateu seu corpo contra a luminária que caiu ao chão se tornando estilhaços. Ouvindo barulhos aos fundos da D.S Umbrella, com lágrimas se formando em seus olhos puxados, à garota se teletransportou deixando tudo como sua mente também estava, bagunçada. Não sabia no que confiar, em seus pais que conhecia de verdade, haviam lhe protegido de Reginald e acima de tudo, cuidado de si ou se acreditava em um simples relatório ainda em 1963, onde não deveria nem existir.

Se materializando para um galpão abandonado, observou à umidade e ao centro dele um antigo ringue de luta. Sentando-se sobre às escadas, retirou uma de suas facas rodando em suas mãos pensando freneticamente no que poderia ser verdade e o que não poderia, até um estalo ser dado atrás de si e lançar sua faca mudando a trajetória pela qual a mesma foi defendida por um guarda-chuva preto.

━ Você... ━ Murmurou Nia. Descendo das escadas, fitou o velho e suas vestes bem alinhadas. Subindo o seu olhar até o monóculo, riu nasalado. ━ Me conhece, não é?

━ Para falar a verdade, não, eu não conheço. ━ Respondeu deixando seu timbre pesado ecoar pelo local. ━ O que te faz me seguir junto com aquele bando de idiotas?

━ Aqueles idiotas são meus irmãos. ━ Bradou Nia retirando um shuriken de seu coldre de perna o apertando firmemente. ━ Você me torturou duas mil e quinhentas e cinquenta e cinco vezes em seis anos, até os meus oito anos de idade!

━ Deve haver um motivo para isto, nada faço sem pensar. ━ Retrucou fazendo Nia o acompanhar com o olhar enquanto o mesmo caminharia.

━ Você nos criou, nos tornou máquinas de combates para salvar o mundo, usou os poderes de cada um de nós, mas para isso você nos machucou, seja sentimentalmente ou fisicamente, não se curou. ━ Disse mantendo seu timbre calmo vendo Reginald Hargreeves à observar. ━ Você tem pastas com nossas fotos, informações de quando devemos nascer porquê seremos os vendidos à você.

━ Mas isso não a inclui, não é? ━ Encarando Nia que se manteve intacta e negou, Reginald Hargreeves pareceu a observar. ━ Você é à Pranpriya.

━ Nia Jittatad. ━ Respondeu de imediato cerrando seus punhos. ━ Eu me chamo, Nia Jittatad, ou como você preferia, Zero.

━ Quais são os seus verdadeiros poderes? ━ Perguntou à olhando de forma questionaria. ━ Eu a conheci dias atrás, você criança, mas já venho a observando há muito tempo e o único poder que vi até agora foram artes marciais e teletransporte.

━ Você me ensinou que eu vim com o poder de três números, Dois, Quatro e Cinco. Depois que os me fez controlar, falou que se eu dividisse meus poderes com os dos outros números, Zero se tornaria um número infinito. ━ Explicou caminhando até Reginald Hargreeves com seus saltos altos ecoando pelo galpão. ━ Eu posso aprender qualquer tipo de poder, mas você quis um do qual quase me levou a morte.

━ E qual foi? ━ Perguntou seriamente.

━ Um dos meus irmãos morreram com a mente presa à minha. ━ Explicava. ━ Você me amarrou e pediu para eu tentar a necromancia. Você me forçou ameaçando meus país, e para a sua maldita surpresa, meu irmão só podia voltar se eu morresse, mas você foi egoista e em vez de escolher ele, escolheu meus poderes.

Parando de frente para Reginald Hargreeves, Zero se preparou e suspirou fundo antes de seus olhos ficarem totalmente escuros e resquícios roxos de matéria começarem a surgir por entre seus dedos. Sir Reginald Hargreeves esperava algo ao seu redor, visionada inteiramente o local.

━ Canadá. ━ Murmurou Nia. ━ Rússia e Japão. ━ Fechando seus punhos, uma rajada de vento cortou o local e seus olhos voltaram ao normal. ━ Veja amanhã o jornal, você vai querer saber o que eu faço.

━ Teletransporte. ━ Proferiu Reginald chamando a atenção de Nia. ━ Com dois anos você já sabia se teletransportar melhor do que agora, o que a tornou inútil foi não voltar no ano em que a pedi.

━ Você quem disse, "segundos e não décadas". ━ Imitou o jeito do mesmo dizer aquilo e lembrar dos murmúrios de Cinco em sua cabeça. ━ Por que eu?

━ Você deveria saber. ━ Reginald caminhava até a saída do local. ━ Se não entendeu até hoje o que tentei fazer e voltaram ao passado para impedir algo, são mais inúteis do que pensei.

Pela primeira vez, Nia Jittatad se impediu de perseguir Reginald Hargreeves, apenas ficando parada em meio ao galpão, não sabia se o que sentia era ódio, tristeza ou confusão, apenas queria gritar e desistir de tudo aquilo, desejar que nunca tivesse feito parte disso. Movendo as mãos, se teletransportou caindo imediatamente no sofá de Elliott ouvindo um barulho de mastigação atrás de si.

Inclinando a cabeça para trás, observou o maior de porte forte comer pipoca, pelo seu olhar, mostrava que havia sentado no lugar do mesmo. Se afastando para o lado, Nia retirou seus saltos dando um breve sorriso vendo que passaria um programa qualquer na televisão.

━ Está cheirando à álcool, grandão. ━ Disse Nia rindo de Luther que se sentou ao seu lado franzindo a testa lentamente. ━ Também não consegue dormir?

━ Cinco me deixou de vigilante. ━ Levando a pipoca até a boca, Luther mastigou observando Nia que o olhava confuso. ━ Ele disse para eu esperar até que chegasse.

━ Isso foi fofo da sua parte, mas não necessário. ━ Sorriu graciosamente dando dois leves tapinhas no ombro do maior. Esticando a mão na direção do mesmo, ele a encarou. ━ Qual é? Eu sou Nia Jittatad, Número Zero, a sua quase... acho que irmã. Não fomos apresentados antes.

━ Não precisou. ━ Respondeu Luther observando o programa. ━ Diego falou que você carrega problemas para onde quer que vá.

━ Se o problema for ele, tenho que concordar. ━ Murmurou. Voltando a sorrir na direção de Luther, Nia encostou a cabeça sobre o braço do mesmo. ━ Desculpa por aquele dia, eu meio que já estava de saco cheio, sei que isso não significa que eu deveria falar daquele jeito, mas eu estava triste e com raiva.

━ Está bem, tá legal? ━ Luther afastou a mesma de si que se deitou do outro lado. Retirando o coldre de sua perna, Nia o jogou no chão vendo seu abdômen ainda manchado por sangue. ━ Pipoca?

━ Claro. ━ Sorriu pegando e levando a sua boca. Amarrando seus cabelos de forma que não ficasse no rosto, se levantou. ━ Quer café?

━ Essas horas? ━ Olhou para o relógio na parede.

━ Sim, não vejo problema algum. ━ Deu de ombros indo até a cozinha com um sorriso enfeitando seus lábios.

━ Você parece com o Cinco. ━ Disse Luther mastigando pipoca enquanto assistiria ao programa. ━ Isso é assustador.

━ Eu não ando brigando com todo mundo ou reclamando. ━ Riu fazendo Luther rir de imediato. ━ Parece um velho ranzinza, mas sei que é pelo o que ele passou, então tento ser compreensiva.

━ E pelo que eu passei? ━ Aparecendo ao lado de Nia, o mesmo de braços cruzados à observou arqueando a sobrancelha.

━ Não posso falar com você ou você me mata, já esqueceu? ━ Indo até a pia e enchendo um recipiente com água, o colocou na cafeteira. ━ Deveria estar dormindo.

━ E você deveria ter voltado para cá, não acha? ━ De modo arrogante, fitou Nia que riu sem acreditar. ━ Aqueles caras não parecem só estar atrás de nós, mas você também se tornou um alvo.

━ E eu sei muito bem lidar com isso. ━ Caminhando para a sala, Cinco se teletransportou para frente de Nia que quase esbarrou no mesmo. ━ Luther, posso bater no seu irmão?

━ Fique à vontade. ━ Disse sem observá-los.

Com Cinco o observando indignado, Nia o acertou com um tapa leve no ombro do qual o mesmo a encarou desacreditado com aquilo. Nia ultrapassando o mesmo, Cinco segurou em seu pulso vendo a mancha de sangue no vestido escarlate.

━ Claro. ━ Murmurou zangado. ━ Ficar se envolvendo nos nossos problemas te levará a morte.

━ E se eu ficar aqui sem fazer nada, serei levada a morte do mesmo jeito. ━ Retrucou. Franzindo a testa imediatamente confusa, sorriu de lado encarando Cinco. ━ Está preocupado comigo? Que fofo, Número Cinco.

━ Vocês são estranhos. ━ Disse Luther fazendo Nia rir.

━ Vai querer me explicar do porquê você quase dizer que é meu namorado? Estamos longe de ser isso. ━ Nia se agachou encarando Cinco seriamente. ━ Você tem quantos anos agora? Dezesseis? Bem, mesmo assim, se você estivesse na idade de sua mente agora, seria muito velho para mim.

━ Você é muito iludida! ━ Apontou na direção de Nia que sorriu provocativa. ━ Me surpreende que o papai tenha ainda lhe escolhido.

━ Cinco! ━ Exclamou Luther olhando para ambos. Nia sorriu graciosamente batendo levemente no ombro do garoto. ━ Vocês dois ainda vão se matar.

━ Disso não tenho dúvidas. ━ Murmurou Cinco fazendo-a arquear a sobrancelha.

━ Agora fiquei com medo de dormir. ━ Riu provocativa fazendo Cinco colocar as mãos nos bolsos. ━ Você me irrita, Número Cinco.

Indo até o maior, Nia o abraçou passando seu braço em volta da nuca de Luther que riu logo que se assustou. Puxando Cinco mal humorado, também o abraçou de forma aconchegante ficando os três daquela maneira.

Nia Jittatad tinha diversas famílias e ela não abdicaria de nenhuma, mesmo se fosse uma totalmente disfuncional. Sendo do passado e indo para o futuro, aquilo não mudaria, já os conhecia e poderia considerar eles uma família que nunca teve, uma família que precisava de terapia urgentemente, mas que amava uns aos outros igualmente.

⋯ ⁺ ZERO: UMBRELLA ACADEMY
✿⠀·  ☂️⠀.  carter dardenne, 2020